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Jornal revela vídeo com declarações de ex-dirigente da Fifa sobre suborno

Michel Zen-Ruffinen, ex-secretário-geral, é gravado pelo 'Sunday Times' com câmera escondida e teria dado nome de diversos membros da entidade

Por Londres

Michel ZenMichel Zen-Ruffinen foi gravado com câmera oculta
(Foto: Reprodução / The Sunday Times)

O jornal britânico Sunday Times revelou neste domingo em um vídeo declarações de Michel Zen-Ruffinen, ex-secretário-geral da Federação Internacional de futebol, nas quais cita vários membros da Fifa que aceitariam receber suborno para votar sobre a sede da Copa do Mundo.

Em seu site, o jornal publica uma gravação com câmera escondida na qual Zen-Ruffinen dá o nome (inaudível no vídeo) de diversos membros da Fifa que seriam, segundo ele, facilmente subornáveis para obter seu voto para uma das candidaturas às Copas do Mundo de 2018 ou 2022.

– X é uma boa pessoa, um cara legal, mas está disposto a cobrar – afirmou Zen-Ruffinen na gravação em um restaurante de Genebra, na qual os jornalistas se faziam passar por lobistas.

– Y se interessa pelo dinheiro, podemos vê-lo e falar com ele, não há problema – acrescentou o ex-secretário-geral da entidade.

Sobre uma terceira pessoa, Zen-Ruffinen afirma que "é alguém que se pode ganhar com mulheres, não com dinheiro". Posteriormente, o ex-secretário-geral da Fifa afirmou ao Sunday Times ser "totalmente contra" a corrupção.

Na noite deste domingo, Zen-Ruffinen disse que está "absolutamente escandalizado" com o que ocorreu, e revelou que analisa "adotar medidas judiciais" contra o jornal.

Zen-Ruffinen confirmou que manteve várias reuniões em Genebra com pessoas (os jornalistas disfarçados) que "me contrataram como assessor".

– Fui contactado no início de agosto e eles me disseram que trabalhavam para uma agência de comunicação encarregada de promover a candidatura dos Estados Unidos-2018/2022 – disse.

– Seguindo este objetivo, tivemos uma reunião em Genebra, a primeira que se vê no vídeo, onde analisamos a situação de cada um dos membros do Comitê Executivo e suas intenções de voto. Disse a eles que tinha a impressão de que alguns membros, cujos nomes não citei, eram pessoas influenciáveis – explicou Zen-Ruffinen, que foi secretário-geral da FIFA até 2002.

A comissão de ética da Fifa suspendeu provisoriamente na quarta-feira dois de seus membros do comitê executivo, o nigeriano Adamu e o taitiano Reynald Temarii, suspeitos de pedir dinheiro em troca de seu voto por uma das candidaturas, no escândalo descoberto pelo jornal Sunday Times.

Rússia, Inglaterra e as candidaturas conjuntas Espanha-Portugal e Holanda-Bélgica disputam a organização da Copa de 2018, enquanto Austrália, Japão, Coreia do Sul, Qatar e Estados Unidos querem receber a edição de 2022. A Fifa anunciará no dia 2 de dezembro em Zurique os organizadores das duas edições.

Fifa responde e pede mais provas a jornal

Entrada da sede da Fifa em ZuriqueEntrada da sede da Fifa em Zurique: entidade pediu
provas ao jornal (Foto: Bianca Rothier / TV Globo)

A Fifa anunciou nesta segunda-feira que pediu ao jornal britânico Sunday Times mais provas sobre o escândalo a respeito da decisão da sede da Copa do Mundo de 2018, depois que a publicação informou que membros da entidade pediram dinheiro em troca do voto.

– A Fifa pediu imediatamente para recebir todos os documentos e as potenciais evidências que o jornal possui a respeito do caso, e analisará o material disponível – afirmou a federação em um comunicado.

A Fifa prometeu "tolerância zero" depois da divulgação da suposta venda de votos para definir as sedes dos Mundiais de 2018 e 2022 e suspendeu provisoriamente dois membros de seu Comitê Executivo, o nigeriano Amos Adamu e o taitiano Reynald Temarii.

O Comitê de Ética da Fifa informou na quinta-feira passada que também investiga acusações de que federações e comitês de candidatura teriam feito acordos na disputa pelas sedes das Copas de 2018 e 2022.