Terra da Gente

Por Giulia Bucheroni, Terra da Gente


Tatu-bola é a menor das mais de 20 espécies de tatu que ocorrem no Brasil — Foto: Felipe Peters/Arquivo Pessoal

Tímido, pequeno e exclusivo do Brasil! Essas são características marcantes da espécie do gênero Tolypeutes, conhecida popularmente por tatu-bola.

Presente na Caatinga e em algumas áreas do Cerrado, o tatu-bola-do-nordeste (Tolypeutes tricinctus) é vítima de atropelamentos, perda de habitat e caça ilegal e, por isso, é classificado como "Em Perigo" na Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção.

Menor tatu do Brasil é conhecido popularmente pelo comportamento de defesa

Menor tatu do Brasil é conhecido popularmente pelo comportamento de defesa

O menor tatu do Brasil possui até 40 centímetros e pesa cerca de 1,8 quilos. O nome popular revela o comportamento típico da espécie quando se sente ameaçada: ao se aproximar dos predadores, o animal se curva em formato de bola.

A estratégia de defesa se dá graças ao corpo maleável - com três cintas móveis na região média do dorso; que possibilita curvar completamente a carapaça em formato de bola.

De hábitos noturnos, a espécie se alimenta de cupins, pequenos invertebrados e frutos. No período reprodutivo, a fêmea gera o filhote por aproximadamente 120 dias e, durante esse tempo, pode ficar acompanhada por mais de um macho.

A carcaça é resistente e protege o mamífero de predadores — Foto: Felipe Peters/Arquivo Pessoal

A família se protege em tocas cavadas por outras espécies de tatus, mas também há casas construídas pelos próprios tatus-bola, comportamento que foi descoberto recentemente por pesquisadores brasileiros.

A análise científica identificou também que esse hábito tem muito mais a ver com fatores parentais e de termorregulação corporal do que com mecanismos de defesa.

A espécie, exclusiva do Brasil, ocorre no Cerrado e na Caatinga — Foto: Felipe Peters/Arquivo Pessoal

Esquecido

O tatu-bola-do-nordeste ainda é pouco estudado no Brasil, assim como as características do ambiente onde a espécie ocorre. Por isso, a falta de informação é uma grande ameaça. Afinal, como proteger o desconhecido?

"O bioma Caatinga é um dos menos estudados no Brasil. Todo mundo pensa em uma área sem floresta, de mata seca retorcida, com solo rachado. Nossos esforços são para desmistificar isso, mostrando que ele é uma floresta de grande porte e é um dos mais ricos em biodiversidade, se tratando de áreas semiáridas do mundo", destaca Samuel Portela, coordenador técnico da Associação Caatinga.

O menor tatu do Brasil também é o menos conhecido — Foto: Felipe Peters/Arquivo Pessoal

De acordo com o biólogo, como o animal é típico do bioma, a falta de conhecimento reflete sob a espécie. "Ele acaba entrando no pacote da desinformação. É uma espécie de biologia pouco estudada, ainda precisamos analisar questões do comportamento, genética, populações, número de filhotes, comportamento de defesa e alimentação", diz.

Transformar o tatu-bola como porta-voz de todos os outros projetos realizados pela Associação Caatinga - como ações de restauração florestal, educação ambiental e criação de Unidades de Conservação; foi a alternativa encontrada para colocar a espécie em evidência. "Fazemos com que o animal seja mais conhecido, afinal, as pessoas só protegem o que elas conhecem", completa.

A carapaça é resistente, mas alguns carnívoros são capazes de perfurá-la — Foto: Felipe Peters/Arquivo Pessoal

Parecidos, mas distantes

O tatu-bola-do-nordeste "divide" o nome popular com outra espécie: Tolypeutes matacus. Extremamente parecidos fisicamente, os animais se diferem pela área de ocorrência e status de conservação. "Há pequenas diferenças entre um e outro. Por isso, a distribuição geográfica é a principal característica analisada. Essa espécie, no caso, ocorre entre o Cerrado e o Pantanal, adentrando outros países da América do Sul", explica o biólogo.

A espécie possui a carapaça marrom e, a maioria dos indivíduos, apresenta três cintas móveis no dorso, assim como o tatu-bola-do-nordeste

Diferente do "irmão" nordestino, o tatu não é exclusivo do Brasil: ocorre também na Bolívia, Paraguai e Argentina e habita áreas de vegetação seca. Vítima também da caça ilegal e da perda de habitat, pesquisadores ainda estão avaliando o status de ameaça da espécie.

Conheça os tatus que ocorrem no Brasil — Foto: Arte/TG

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